Eartha Kitt sobre amor e compromisso

/ terça-feira /
Primeiro, vou falar um pouquinho sobre ela.

Eartha Mae Keith nasceu em uma fazenda no estado da Carolina do Sul. Iniciou sua carreira artística como dançarina, mas também foi uma notável cantora de jazz, conhecida por sua voz sensual.


Mas, como grande fã de HQ, foi pelo seu papel de Mulher Gato que cheguei até essa maravilhosa. Eartha interpretou a segunda Mulher Gato no seriado Batman durante a década de 60, personagem que assumiu depois que a atriz Julie Newmar abandonou a série. E, olha, não foi fácil, já que a Mulher Gato Negra não agradou os fãs na época.

Foi indicada a vários prêmios de renome, mas, depois de se posicionar, durante um almoço na Casa Branca, contra a guerra do Vietnã, Eartha decidiu direcionar sua carreira para fora dos Estados Unidos.

Tinha personalidade, falava e fazia o que acreditava ser o melhor para ela, pois era livre.


Kitt chegou a ser chamada de "a mulher mais excitante do mundo" por Orson Welles (criador de Citizen Kane), mas passou a maior parte da vida solteira. Um problema? Não, com certeza não.

From the 1982 documentary "All by Myself: The Eartha Kitt Story". Veja legendado.

Mulher apaixonante, excêntrica. Sua risada perversa, sua confiança, sua paixão e amor pela vida são inspiração.

o discurso de Angela Davis na Women’s March

/ segunda-feira /
No dia 21 de janeiro, centenas de milhares de mulheres mobilizaram-se em diversos países na Women’s March, por justiça social, direitos iguais e contra o avanço conservador no mundo sintetizado na figura de Donald Trump, agora Presidente dos Estados Unidos.

Abaixo, a tradução do discurso de Angela Davis, filósofa e feminista negra. Um dos mais marcantes de toda a Women’s March.

‘No human being is illegal.’ Photograph: Theo Wargo/Getty Images

"Em um momento histórico desafiador, vamos nos lembrar que nós somos centenas de Women's March On Washington foto: the mercury news milhares, milhões de mulheres, transgêneros, homens e jovens que estão aqui na Marcha das Mulheres. Nós representamos forças poderosas de mudança que estão determinadas a impedir as culturas moribundas do racismo e do hetero-patriarcado de levantar-se novamente.

Nós reconhecemos que somos agentes coletivos da história e que a história não pode ser apagada como páginas da Internet. Sabemos que esta tarde nos reunimos em terras indígenas e seguimos a liderança dos povos originários que, apesar da massiva violência genocida, nunca renunciaram a luta pela terra, pela água, pela cultura e pelo seu povo. Nós saudamos hoje, especialmente, o Standing Rock Sioux.

A luta por liberdade dos negros, que moldaram a natureza deste país, não pode ser apagada com a varredela de uma mão. Nós não podemos esquecer que vidas negras importam. Este é um país ancorado na escravidão e no colonialismo, o que significa, para o bem ou para o mal, a real história de imigração e escravização. Espalhar a xenofobia, lançar acusações de assassinato e estupro e construir um muro não apagarão a história.

Nenhum ser humano é ilegal!

A luta para salvar o planeta, interromper as mudanças climáticas, para garantir acesso a água das terras do Standing Rock Sioux, à Flint, Michigan, a Cisjordânia e Gaza. A luta para salvar nossa flora e fauna, para salvar o ar – este é o ponto zero da luta por justiça social. Esta é uma Marcha das Mulheres e ela representa a promessa de um feminismo contra o pernicioso poder da violência do Estado. E um feminismo inclusivo e interseccional que convoca todos nós a resistência contra o racismo, a islamofobia, ao anti-semitismo, a misoginia e a exploração capitalista.

Sim, nós saudamos o ‘Fight for 15’. Dedicamos nós mesmas para a resistência coletiva. Resistência aos bilionários exploradores hipotecários e gentrificadores. Resistência a privatização do sistema de Saúde. Resistência aos ataques contra muçulmanos e imigrantes. Resistência aos ataques contra as pessoas com deficiência. Resistência a violência do Estado perpetrada pela polícia e através da indústria do complexo prisional. Resistência a violência de gênero institucional e doméstica, especialmente contra mulheres trans negras.

Direitos das mulheres são direitos humanos em todo o planeta. E é por isso que nós dizemos ‘Liberdade e Justiça para a Palestina!’. Nós celebramos a iminente libertação de Chelsea Manning e Oscar Lopez Rivera. Mas também dizemos ‘Liberdade para Leonard Peltier! Liberdade para Mumia Abu-Jamal! Liberdade para Assata Shakur!’ Nos próximos meses e anos nós estamos convocadas a intensificar nossas demandas por justiça social e nos tornarmos mais militantes em nossa defesa das populações vulneráveis. Aqueles que ainda defendem a supremacia masculina branca e hetero-patriarcal devem ter cuidado! Os próximos 1459 dias da gestão Trump serão 1459 dias de resistência: Resistência nas ruas, nas escolas, no trabalho, resistência em nossa arte e em nossa música.

Este é só o começo. E para terminar, as palavras da inimitável Ella Baker: ‘Nós, que acreditamos na Liberdade, não podemos descansar até que ela seja alcançada!’.

Veja mais em: The Guardian e NY Times.